Valiosos encontros com a arte e a história: do paleolítico à modernidade
Quem vai ao país de Cervantes, geralmente, não dispensa a rota tradicional, que contempla Madrid, Santiago de Compostela e Barcelona. Destacam-se o Palácio Real, o Museu do Prado, a Praça Maior, em Madrid; a catedral (onde repousam os supostos restos mortais de Tiago apóstolo) e a rota dos peregrinos, em Santiago de Compostela; a beleza estonteante da Sagrada família e os trabalhos de Gaudí no Parque Güell, em Barcelona. Mas… e se, além de tudo isso e de todas as outras possibilidades que esses lugares oferecem, saíssemos em busca de tesouros escondidos ao norte do país?
O norte da Espanha tem beleza natural inigualável, e riqueza cultural também. Lá vivemos experiências únicas, como a de ver de perto um dos maiores conjuntos de pintura rupestre já descoberto, a de visitar castelos medievais, a de entrar no cenário do cavaleiro andante Dom Quixote. E não para por aí! A ocupação romana, que tem início na região, no século III a.C. , além de deixar o idioma de raiz latina ao povo espanhol, deixou também um grande legado cultural na Península Ibérica, como o arquitetônico, o gastronômico e o artístico. Mas riqueza maior ainda estaria por vir. Em VIII d.C., os mouros, que avançavam pela Europa expandindo o Islamismo, chegaram à região da Espanha e permaneceram ali por oito séculos, tempo mais que suficiente para construírem templos monumentais em estilo mourístico, como é o caso do Palácio Aljafería (construído no século XI d.C.), que, após a reconquista de Zaragoza, torna-se palácio do reinado cristão.
Espanha é lugar para se surpreender a cada destino, mas para isso, é preciso sair à procura de tesouros, que, aliás, estão por toda parte.
Segóvia
Cenário de cinema! E não é impressão. O castelo do filme A Branca de Neve e os Sete Anões foi inspirado na grandiosa construção medieval Alcácer de Segóvia. Mas a imponência arquitetônica por lá começa bem antes… Obra do século I d.C. , o Aqueduto de Segóvia é uma das heranças mais relevantes do período romano no país e uma dos mais preservadas da Península Ibérica. Acredite: há ainda mais motivos para que esse lugar seja considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A exemplo disso, a belíssima Catedral de estilo gótico tardio, impactante desde a vista de seu exterior, e o centro histórico, perfeito para compras e experiências gastronômicas inigualáveis.
Toledo
Beleza onde a vista alcança. Conhecida como uma cidade de confluência de muitas culturas, Toledo possibilita um encontro surpreendente com o passado. A cidade é um livro aberto, capaz de contar sua história ao longo dos séculos, pela variedade artística, que contempla, entre outros, monumentos da arte romana, cristã, judaica e de influência árabe. A Igreja de São Tomé, uma das mais visitadas de Toledo, abriga a enorme e afamada pintura de El Greco: O Enterro do Conde Orgaz. Além disso, a região de Toledo é lugar por onde perambulou o cavaleiro andante e incansável leitor de novelas de cavalaria Dom Quixote De La Mancha, personagem icônico do gênio espanhol Miguel de Cervantes, considerado o pai do romance moderno e autor de um dos pilares da literatura universal. Se a cidade, como não poderia deixar de ser, arrasta-nos para as páginas do livro, pelas inúmeras referências ao clássico, a região ainda nos proporciona a visão dos fabulosos moinhos de vento.
Cangas de Onís
Umas das pontes mais bonitas do mundo! A Ponte Romana, um dos cenários icônicos da reconquista da Península Ibérica, foi declarada Monumento Histórico e Artístico, em 1931. Sobre o Rio Sella, o arco central ostenta uma reprodução da cruz da vitória, símbolo da bem sucedida Batalha de Cavadonga. A cruz original, de carvalho revestido em ouro e pedras preciosas está protegida na catedral de Oviedo. Ainda em Canga de Onís, a Capela de Santa Cruz surpreende os turistas com um tesouro da antiguidade, um dólmen de 3000 anos, local que, provavelmente, teria servido como terreno sepulcral coletivo, no Neolítico. Outra visita imperdível para este dia é aos Lagos de Cavadonga. Cavadonga é uma pequena vila incrustada nas montanhas, onde teria acontecido a primeira batalha dos cristãos contra os muçulmanos, na longínqua Guerra da Reconquista, que duraria séculos. Dia de imersão nas belezas naturais e arquitetônicas que perduram há séculos na região das Astúrias.
Santillana del Mar
Considerada uma das vilas mais bonitas da Espanha, Santillana del Mar faz parte da rota norte do Caminho de Santiago. Há que se reconhecer a magnitude de um lugar que combina vila medieval, construções representativas de diferentes eras e, ainda, a “Capela Sistina da arte rupestre”. A Caverna de Altamira reúne pinturas de aproximadamente 15000 anos e preserva um dos mais relevantes conjuntos pictóricos da pré-história. A gruta paleolítica descoberta no século XIX foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1985. Esse encontro extraordinário com os primórdios da Arte possibilita-nos, de maneira única, o entendimento da relação intrínseca entre as demandas de cada momento da história e as formas de manifestação do homem.
Bilbao
A maioria dos brasileiros que já visitou a Espanha, ainda não conhece Bilbao. Um dos motivos é o fato de cidade basca ter uma geografia particular. Situada na costa norte do país, é contornada por montanhas, mas isso não quer dizer que se trata de uma aldeia. Com grande área metropolitana e, ainda, um porto e muitas pontes (assinadas por grandes nomes da arquitetura, como Santiago Calatrava), as quais ligam a parte antiga da cidade à moderna, Bilbao é muito conhecida pelo monumental museu de arte moderna e contemporânea: o Museu Guggenheim. As atrações desse museu, construído em 1997, começam na parte externa, que se tornou um selo de vanguarda para a região desde a execução da magnífica obra do renomado Frank Gehry.
Zaragoza
Famoso lugar de peregrinação, a beleza da Basílica de Nossa Senhora do Pilar rouba a cena, durante o dia ou à noite. Suas torres podem ser vistas de quase todos os lugares da pequena cidade, mas sua reprodução espelhada no rio Ebro, é uma de suas visões mais bonitas. O templo, que é o maior de estilo barroco da Espanha, foi erguido onde Maria teria falado ao apóstolo Tiago (maior), estimulando-o a espalhar a fé em Cristo. A ele, Maria entregou o primeiro pilar dessa igreja, o qual pode ser visto, hoje, no interior da basílica. Mas Zaragoza também nos revela, pelo Palácio de Aljafería, o esplendor da arte islâmica que se revelou durante a ocupação dos muçulmanos na região. Sem dúvida, a diversidade estética e a memória de diferentes culturas refletidas nas construções da cidade atraem turistas do mundo inteiro, todos os dias do ano. Da ocupação romana, dentre outras marcas, o nome: Zaragoza, que vem de Cesaraugusta, cidade romana fundada pelo imperador César Augusto, em 14 a.C.
Prepare-se, para tudo isso e muito mais!
“Espanha: Arte, ancestralidade e história” – de 17 a 31 de outubro de 2024
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Rowena Borralho M. Lacerda, professora especialista em Ensino de Literatura (UFTM), em História da Arte (PUC) e mestre Estudos Linguísticos (UFU).
Mozart Lacerda Filho, psicólogo, professor especialista em História da Filosofia (UFU) e mestre e doutor em História (Unesp).